(à) Eficiência Térmica
(i) Estudar a função do
edifício, a quantidade e tipo de equipamento que será utilizado.
A temperatura interior de um
edifício não depende apenas da transmissão térmica verificada ao nível da
envolvente mas também da quantidade de calor que é produzida pelos ocupantes e
equipamentos.
É importante conhecer este fator
pois, para além de condicionar a temperatura interior e com isso influenciar o
conforto dos ocupantes, influencia também a taxa a que se verificam as trocas
de calor entre o espaço interior e o exterior pois, as perdas de temperatura
através da “pele” do edifício são proporcionais às diferenças de temperatura
entre os dois espaços.
Em certos edifícios, como por
exemplo, nos grandes centros comerciais, onde se produz grande quantidade de
calor, a temperatura do espaço interior será menos influenciada pelas
flutuações de temperatura exterior do que, por exemplo, num edifício de
habitação onde existem menores fontes internas de calor.
(ii) Assegurar que os elementos
da envolvente – fachadas, empenas, coberturas e pavimentos – apresentam
adequada resistência térmica.
A cobertura é o elemento de
construção mais vulnerável às perdas de calor durante a estação de aquecimento (Inverno)
e aos ganhos de calor durante a estação de arrefecimento (Verão). O estudo incorrecto
da solução de isolamento térmico da cobertura e dos restantes elementos da
envolvente compromete o conforto interior influenciando a quantidade de energia
consumida nas acções de controlo da temperatura interior.
Em Portugal, existe desde o início
da década de 90 um documento normativo, o “Regulamento das Características de
Comportamento Térmico dos Edifícios” (RCCTE), Decreto-Lei 40/90 de 6 de
Fevereiro; que obriga os projectistas a estudar minimamente o comportamento
térmico da envolvente para que os consumos de energia eléctrica (auxiliar)
durante o Verão e Inverno não ultrapassem os valores etiqueta ou índices de consumo
de energia em condições nominais convencionais, previstos para cada uma dessas estações.
Será atualmente impossível a conformidade regulamentar das características de
comportamento térmico dos edifícios se não for acautelada alguma solução de
isolamento térmico em todos os elementos da envolvente.
Na escolha dos materiais de isolamento
térmico, para além das condicionantes regulamentares devesse ainda ter em conta
outros fatores relacionados com o impacte ambiental.
Assim, deverão ser evitados
materiais de isolamento fabricados à base de clorofluorcarbonetos (CFC’s) ou
hidroclorofluorcarbonetos (HCFC’s), pois a estes compostos são atribuídas
responsabilidades na degradação da camada de ozono.
Será assim aconselhável a
utilização de materiais de isolamento fabricados a partir de materiais
reciclados ou naturais como, por exemplo, a cortiça e a lã mineral, desde que
sejam compatíveis com as exigências e os objetivos económicos do projeto.
A existência de pontes térmicas,
muito comum nos sistemas praticados (vigas e pilares de betão), derivada da
elevada condutibilidade térmica do betão e obriga à sua correção através da
aplicação de uma camada de isolante térmico, devidamente dimensionada, de forma
a limitar as pontes térmicas.
(iii) Considerar a
“reflectância”
do
acabamento exterior da envolvente.
Em regiões climáticas onde se
prevejam elevados ganhos de temperatura através da envolvente é de todo
conveniente escolher materiais de acabamento exterior de cor clara e elevada
“reflectância”.
Não se deve no entanto esquecer, o
impacte destas soluções nos edifícios vizinhos pois, se por um lado, uma
superfície exterior fortemente “reflectante” resulta numa menor necessidade de
energia auxiliar de arrefecimento, por outro, esta poderá aumentar as cargas
térmicas e a diminuição do conforto dos edifícios vizinhos.
(iv) Prevenir condensações no
interior da envolvente.
Todos os materiais de construção
apresentam uma certa permeabilidade à passagem do vapor de água. Em certas
condições, o vapor de água que atravessa a envolvente do edifício, geralmente
do interior para o exterior, tende a condensar.
Quando esta situação ocorre, os
materiais ficam húmidos, conduzindo à perda de parte da sua performance
térmica, o que também contribui para a sua degradação precoce.
Este fenómeno pode ser resolvido
através da introdução de barreiras “pára-vapor”, de folha metálica ou plástica,
nos elementos da envolvente, o mais próximo possível do paramento mais quente.
No caso das paredes duplas a adequada ventilação e drenagem das caixas-de-ar
evita estes inconvenientes.
A conceção de sistemas de
ventilação, preferencialmente de ventilação natural, de modo a evacuar o
excesso de teor de humidade dos espaços interiores, contribui para a diminuição
destes fenómenos.
(v) Vedar convenientemente as
portas e janelas.
É de todo conveniente controlar as
perdas de calor que se verificam através da circulação não controlada de ar nas
frestas existentes entre os caixilhos e batentes das portas e janelas
exteriores, assim como, nas frestas existentes entre a base das portas e a
superfície do pavimento. Esta operação designa-se por calafetagem.
A calafetagem das portas e janelas,
apesar de conveniente, só deverá ser levada a cabo se existirem outros modos de
ventilação que assegurem a renovação do ar interior e que, por conseguinte,
assegurem a sua qualidade pois, não são raros os casos, em que a correcção
destas circulações de ar não controladas esteve na origem do aparecimento de
condensações interiores que, até então, não se manifestavam.
Nos edifícios antigos,
principalmente naqueles que utilizam caixilharias de madeira, as perdas de
energia por este meio são bastante significativas, o que se traduz em custos
económicos e ambientais elevados. Estas zonas devem ser inspecionadas
periodicamente de modo a assegurar a sua impermeabilidade ao ar.
(vi) Escolher materiais de
construção e detalhes construtivos que reduzam a transferência de calor.
As trocas de energia térmica pela
envolvente ocorrem através de três modos de propagação distintos: condução,
radiação
e convecção.
O calor total transferido pelos mecanismos combinados de condução e convecção é
frequentemente expresso em termos de um Coeficiente de Transmissão Térmica –
U (antigo coeficiente K).
Este coeficiente representa o fluxo
de calor que atravessa 1m2
de
parede para a diferença de temperatura de um grau entre o interior e o exterior
de um local e exprime-se em W/m2 ºC. Os materiais de construção conduzem o calor a
diferentes taxas. Os metais possuem elevada condutibilidade térmica (52 = l (W/m.ºC) = 415),
enquanto que, por exemplo a madeira, possui condutibilidade térmica muito menor
(l » 0,20
W/m.ºC).
São considerados materiais isolantes
os materiais com condutibilidade térmica menor a 0,17 W/m.ºC. A título de
exemplo, no quadro anexo, encontra-se representada a condutibilidade térmica de
alguns materiais. O conhecimento da condutibilidade térmica dos diversos
materiais de construção, é de vital importância para a seleção dos materiais e
soluções construtivas a utilizar.
A título de exemplo, analisando o
quadro anexo, podemos concluir que as paredes da envolvente que incluam
sistemas de suporte (pilares e vigas) metálicos possuirão pior comportamento
térmico que paredes que incluam sistemas de suporte em madeira.
Sugestões Equilibradas
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